quarta-feira, 30 de junho de 2010

Brusque por adoção.

Francisco de Araújo Brusque
o fundador



A colonização oficial do Vale do Itajaí Mirim iniciou-se no período em que Francisco Carlos de Araújo Brusque ocupava a Presidência da Província de Santa Catarina. A 24 de julho de 1860, Brusque conduz os pioneiros - que colonizariam a região do atual Município de Brusque - de Nossa Senhora do Desterro (hoje Florianópolis) à barra do Rio Itajaí, na canhoneira Belmonte, da marinha imperial. O diretor nomeado para a nova frente de colonização em terras catarinenses, barão Maximilian von Schneéburg, resolveu retribuir a atenção dispensada a ele e às famílias precursoras, denominando - o núcleo de colonização a ser instalado - de Colônia Brusque. O presidente se opôs a idéia, terminantemente. Apesar de não se constituir em denominação oficial, Schneéburg grafava o nome da Colônia como "Itajahy-Brusque" ou somente "Brusque".

Em 04 de agosto de 1860, o barão austríaco Maximilian von Schneéburg e os de 55 pioneiros alemães aportam no lugar Vicente Só (atual praça) e instalam a colônia Itajahy. As famílias vieram em pequenas embarcações, através do rio Itajaí-Mirim. A formação do tecido social multiétnico, é integrado também por ingleses (1867), poloneses (1869), italianos (1875), lusos e outras etnias. Pioneirismos como do berço da fiação e do futebol catarinense, da gênese dos Jogos Abertos, do voto eletrônico e da mais antiga Sociedade de Atiradores, o Schützenverein, em funcionamento no Brasil, marcam a trajetória histórica dos brusquenses. Apesar das muitas dificuldades, a disposição para a construção de um novo lar, na nova terra, alicerçada em valores comunitários e cristãos, impulsionou os pioneiros a transmudarem a geografia social e econômica, não só do vale, mas refletindo até na transformação da província e do império. A administração pública era exercida pelo Diretor da Colônia, sendo a Colônia administrada em seus primeiros sete anos por Maximilian von Schneéburg. Preocupados com a hegemonia alemã na região, o império implementou uma colônia ianque na região, a colônia Príncipe Dom Pedro, em 1867. Após desilusões e conflitos, a quase totalidade dos 1.141 imigrantes língua inglesa abandonam a região e ocorre a unificação administrativa da região em 6 de dezembro de 1869, sob a denominação colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro que viriam a formar a Freguesia (Paróquia) de São Luiz, em 31 de julho de 1873. Cerca de 10 mil imigrantes italianos são introduzidos a partir de 1875, dentre os quais uma menina hoje conhecida por Madre Paulina. Mantendo a denominação São Luiz Gonzaga, é criado o Município em 23 de março de 1881, através da Lei Provincial 920. O Município foi instalado em 8 de julho de 1883 e a administração passou a ser exercida pela Câmara de Vereadores, até a Proclamação da República.A ligação do Município com a indústria têxtil remonta a 1892, quando Karl Christian Renaux, Paul Hoepcke e Augusto Klappoth fundaram a pioneira fábrica de tecidos, auxiliados pelos poloneses chamados "tecelões de Lodz", que chegaram a partir de 1889. Eduardo von Buettner deu início a fábrica de bordados finos em 1898. Gustavo e os filhos Hugo e Adolfo criaram a Gustavo Schlösser e Filhos, em 1911. O slogan oficial do 1º Centenário, "Brusque, Berço da Fiação Catarinense", de autoria do cônego Raulino Reitz, vincula-se a instalação da primeira fiação do Estado, em 1900, pela Fábrica Renaux. Anterior a industrialização, a economia local encontrava-se alicerçada nos engenhos de farinha e açúcar, atafonas, manufatura de charutos, produção de banha e cachaça, exploração da madeira e outras atividades agrícolas, pastoris e de exploração.A denominação Brusque foi adotada em 17 de janeiro de 1890, homenagem póstuma ao conselheiro imperial Francisco de Araújo Brusque, cujos despojos há 11 anos transladamos para Brusque. Com a publicação do Brusquer Zeitung, a região passa a ter seu jornal a partir de 1912. No ano seguinte, a energia elétrica e a fundação do Sport Club Brusquense, clube pioneiro do futebol catarinense. A tomada de Brusque, a 13 de outubro de 1930, por tropas da Aliança Revolucionária Liberal, representou a ruptura do poder político, que concentrava-se nos coronéis Krieger e Renaux. Com a "política de nacionalização" do Estado Novo, as prisões arbitrárias e a destruição da literatura e outros marcos culturais dos imigrantes e descendentes. No centenário de fundação, a mobilização de todos os segmentos proporcionou uma comemoração que marcou época no Brasil. Na economia, a indústria metalúrgica se instala e provoca novo ciclo econômico. Após a traumática enchente de 1984, a cidade vivenciou verdadeira revolução econômica, com a instalação de centenas de confecções e milhares de postos de pronta entrega. No tempo presente, os brusquenses, reconhecendo o singular legado dos que colonizaram e desenvolveram a região, reafirmam seu compromisso com a construção solidária e fraterna de uma cidade para todos nós.

Extraído do texto: "Uma cidade à frente do seu tempo" por Paulo Vendelino Kons.


in http://www.brusque.sc.gov.br/web/historia.php

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